sábado, 7 de novembro de 2015

30 A Irmandade Muçulmana




Pelo que sei sobre as táticas britânicas para este tipo de situação, seria lógico assumir que a divisão que se fez do Oriente Médio deveria haver dado ao país um certo grau de controle sobre as fontes de petróleo de relevância estratégica, que os britânicos e americanos  descobriram e desenvolveram na zona.
Ainda que não haja dúvidas de que os britânicos e americanos não jogaram limpo na região e apoiaram regimes terríveis para que a oferta de petróleo não parasse, isto também acontecia no resto do mundo.
A tendência em outras partes do planeta foi adotar a democracia em detrimento desses regimes brutais, porém no mundo islâmico isto ainda não aconteceu. O Islã considera que a democracia é uma abominação, porque situa as leis criadas pelos homens acima da lei de Alá (a sharia). Por esse motivo, qualquer tentativa de impor a democracia em um país islâmico seguramente fracassa. Os partidos islâmicos sensatamente se encarregam de ganhar as eleições e depois trabalham para substituir a democracia com a Sharia (como está acontecendo no Paquistão).
Por este motivo, as sociedades islâmicas tendem ao governo teocrático totalitário (Sharia) ou a terem um ditador o suficientemente brutal para evitar que isso ocorra. As intenções de democracia costumam ser um fracasso estrondoso (Iraque, Afeganistão e Argélia) ou estão apoiados por um exército secular (Indonésia e Turquia). No caso da Malásia, país em que os britânicos investiram muito dinheiro e vidas humanas para convertê-lo em uma democracia funcional, somente um partido (muçulmano) ocupou o poder desde sua independência, o que sugere que, no fundo, não é tão democrático. A medida que as populações muçulmanas aumentem seu número nas democracias ocidentais nas próximas décadas, é provável que experimentemos os mesmos problemas.
Durante o período de controle ocidental do território islâmico, o Islã perdeu grande parte de seu poder político explícito e sobreviveu principalmente como religião. Os muçulmanos desfrutaram de um período de relativa liberdade. As mulheres podiam caminhar sem véu, muitos podiam ter educação secular e a obsessão da jihad ficou relegada. Para o azar dos muçulmanos, uma cultura não muda com facilidade em poucas décadas e as sociedades islâmicas seguiam carregando muitas práticas que atrasaram o progresso econômico.
A única indústria que floresceu foi a do petróleo, controlada sobretudo pelas empresas ocidentais e que não podia se deslocar de outros territórios. A maioria dos ganhos que trazia esta indústria para esses países se perdia devido a corrupção[1].
Em 1928 um professor de um colégio no Egito chamado Hasan al-Banna fundou a Sociedade da Irmandade Muçulmana. Este era um grupo fundamentalista que se dedicava a reintroduzir os ensinamentos islâmicos tradicionais (o Alcorão e a Sunna) e a Lei da Sharia no mundo muçulmano, além de impor a força o domínio do Islã em todo o mundo. Embora defendam o uso da força, entenderam que o Ocidente era demasiado poderoso para derrotá-lo dessa maneira e, em lugar da força, decidiram usar outras táticas da jihad como taqiyya (a sagrada mentira), a corrupção e a infiltração.

Apesar de a Irmandade ter ligações sangrentas com muitas das ditaduras seculares, receberam calorosa acolhida nos estados do Golfo. Um bom número de árabes endinheirados compartilharam os mesmos objetivos que a irmandade e contavam com o dinheiro para pôr em prática seus planos. Uma das divisões que brotou da irmandade é a Al Qaeda e se pode ver esta estrutura nessa organização, com o milionário Osama bin Laden no comando, proporcionando fundos, enquanto a liderança espiritual provém do número dois da estrutura, o egípcio Al Zawahiri e as destrezas de planificação e organização (ao menos no caso dos ataques do Onze de Setembro) são fornecidas pelo egípcio Khalid Sheik Mohammed.

O lema da Irmandade Muçulmana é:
“Alá é nosso objetivo; o profeta é nosso líder; o Alcorão é nossa lei; a jihad é nosso caminho; morrer por Alá é nosso maior desejo”.
A Irmandade Muçulmana exerce controle sobre uma série de grupos jihadistas violentos como Al-Qaeda e Hamas, mas também influi em muitos outros que não apoiam a violência de forma aberta. A lista seguinte é uma lista das organizações que existem em solo norte americano:


·         Publicações do NAIT
·         Associação de Cientistas e Engenheiros Muçulmanos
·         Associação de Cientistas Sociais Muçulmanos da América.
·         Centro Audiovisual
·         Baitul Mal, Inc.
·         Fundação para o Desenvolvimento International
·         Instituto International do Pensamento Islâmico
·         Comitê Islâmico pela Palestina (grupo matriz do Conselho de relações Américo-Islâmicas)
·         Serviço do Livro Islâmico
·         Divisão de Centros Islâmicos
·         Círculo Islâmico da América do Norte.
·         Departamento de Educação Islâmica
·         Cooperativa Islâmica de Alojamento
·         Centro de Informação Islâmica
·         Associação Médica Islâmica da América do norte.
·         Sociedade Islâmica da América do Norte (ISNA)
·         Comitê Fiqh de ISNA
·         Comitê de Conscientização Política de ISNA
·         Centro de Ensino Islâmico
·         Grupo de Estudo Islâmico Malaio
·         Mercy International Association
·         Associação de Jovens Árabes Muçulmanos
·         Associação de Empresários Muçulmanos
·         Associação de Comunidades Muçulmanas
·         Associação de Estudantes Muçulmanos
·         Jovens Muçulmanos da América do Norte
·         Fundação Islâmica Norte americana (NAIT)
·         Fundo para os Territórios Ocupados (depois Fundação para Ajuda e Desenvolvimento da Terra Santa)
·         Associação Unida para Estudos e Investigação



Imagino que este padrão se repita na maioria dos países, sobretudo nas democracias ocidentais. No Reino Unido, a maior organização islâmica é o Conselho Muçulmano para a Grã Bretanha, que é uma organização da irmandade. Depois que a lista foi publicada, se fechou a Fundação para a Terra Santa depois de ser levada a julgamento com êxito por financiar organizações terroristas nos territórios palestinos (Terra Santa). O CAIR (Conselho para as Relações Americanas e Islâmicas) foi citado como conspirador não incriminado.


[1] http://cpi.transparency.org/cpi2011/results/#CountryResults   2011 corruption index Top 10 least corrupt countries, 9 are majority Christian. Bottom 10 most corrupt countries, 6 are majority Muslim.

Nenhum comentário:

Postar um comentário