sábado, 7 de novembro de 2015

15 Uma intenção de assassinato



Depois da batalha das trincheiras, Maomé enviou assassinos para matar o líder rival em Meca, Abu Sufyan.

Excerto da biografia de Al-Tabari:[1]
T1438 Maomé enviou dois homens a Meca para matar seu rival, Abu Sufyan. O plano era simples e o líder deles era de Meca, então ele a conhecia bem. Partiram com um camelo em direção ao lugar de Abu Sufyan, onde um homem montaria guarda enquanto o outro o apunhalava. No entanto, o muçulmano que tinha que ajudar queria orar na Caaba. O líder não estava de acordo, porque iriam reconhecê-lo, mas o outro muçulmano insistiu. Assim que foram a Caaba e, de fato, reconheceram o líder. Os cidadãos de Meca deram a voz de alarme e os assassinos fugiram da cidade. Era impossível matar Abu Sufyan.  

T1439 Os muçulmanos correram em direção a uma curva fora de Meca. Colocaram rochas diante da entrada e esperaram em silêncio. Um homem de Meca se aproximou enquanto cortava erva para seu cavalo. O líder muçulmano saiu da curva e o matou com uma punhalada no estômago. O homem gritou e seus companheiros acudiram correndo, mas estavam mais preocupados pelo amigo que morria do que pelos assassinos e se foram com o corpo. Os muçulmanos esperaram um tempo e logo começaram a fugir de novo. 

T1440 Ao voltar a Medina, os muçulmanos se encontraram com um pastor caolho. Aconteceu que eram do mesmo clã. O pastor disse para eles que não era muçulmano e que nunca seria. Enquanto estavam sentados falando, o pastor se deitou e adormeceu. O líder retirou o arco e cravou uma flecha no olho que restava ao pastor que atravessou seu cérebro e a cabeça de lado a lado. Depois seguiram seu caminho em direção a Medina.

T440 No caminho, o líder viu dois homens de Meca que eram inimigos do Islã. Disparou uma flecha a um e capturou o outro, obrigando-os a marchar a Medina. Quando se apresentaram ante Maomé com o prisioneiro e comentaram a história, Maomé riu com tanta energia que mostrou até os dentes molares. Depois abençoou a ambos.

Comentários do autor:

Durante os primeiros dias como profeta em Meca, Maomé não era um homem violento. Seus ensinamentos tinham a ver com a religião e se limitavam a ameaçar na outra vida. No entanto, chegado a este ponto, seu ódio por aqueles que se negavam a crer nele só podia ser algo não humano. Os psiquiatras descrevem sua personalidade como narcisista. Exigia dos outros que o adorassem e mostrava um ódio psicopata por aqueles que não tinham a consideração que ele exigia. No fundo, estes são os valores em que se baseia o Islã.
Os muçulmanos creem que não há outro Deus a não ser Alá e Maomé é seu último profeta. Acreditam que Maomé é um homem perfeito e o Corão diz aos muçulmanos em repetidas ocasiões que devem imitar seu comportamento. Como já sabemos, os muçulmanos podem escolher seguir o exemplo de Maomé de Meca, como a maioria faz; ou escolher seguir o exemplo do Maomé de Medina, que é o que fazem os jihadistas. Dados que os versos anteriores são ab-rogados pelos posteriores, o Alcorão de Medina é melhor, porém como o Corão é um livro considerado perfeito, o de Meca também é válido.
Para uma mente ocidental isso parece confuso. De acordo com nossa lógica, se duas coisas se contradizem, ao menos uma delas deve estar equivocada. A lógica ocidental se baseia na verdade e só uma coisa pode ser certa. Se seguimos a lógica islâmica, a “verdade” é aquilo que ajuda no progresso do Islã. Portanto, duas coisas podem se contradizer mutuamente e mesmo assim serem “verdadeiras”.
A confusão que isto provoca é algo deliberado e o Islã frequentemente se aproveita disso. O aspecto mais difícil (de Medina) se esconde por trás do menos rígido (o de Meca). Esta é uma das razões pelas quais na atualidade, os muçulmanos “moderados” podem se queixar da jihad e dos kuffar, mas nunca enfrentariam um jihadista diretamente porque sabem que o exemplo de Medina é o melhor.


[1] O manuscrito «original» da biografia de Ibn Ishaq se perdeu faz anos. A Sira foi reconstruida a partir das notas e escritos de dois de seus alunos, Ibn Hashim e Al-Tabari. Portanto, esta «seção» é um exerto da Sira.

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